Isto é um resumo.. e agora como é que se transforma um texto de 816 palavras em 350?? que merdinha...
Bora lá praticar a arte da síntese! ate já!
O meu caminho na estrada da vida
começou, numa tarde solarenga (segundo me contam), no dia 10 de Abril do ano de
1988. Eram mais precisamente 15h30, quando nasci, na antiga maternidade, entretanto
fechada, em Tomar. Sou filha de um alentejano e de uma mulher do Ribatejo. Os meus
pais escolheram viver numa pequena aldeia, chamada Vila Nova, no distrito de
Santarém.
Há pequenos traços na minha memória
que indicam que tive uma infância feliz. Uma avó presente nos primeiros anos,
que substituía na perfeição a ausência dos meus pais. Lembro-me de dormir com
ela, e da protecção que isso significava para mim, nunca mais tive essa
sensação, até hoje. Lembro-me do pão com tuli-creme que ela me fazia, e levava rigorosamente
à mesma hora, todos os dias, ao recreio da escola, lembro-me de fazer cara
feia, quando ela me dizia, “Hoje é com manteiga, a avó deixou acabar o
tuli-creme”.
Lembro-me, já mais velha, das
brincadeiras e às vezes zaragatas com os meninos da aldeia. Os meninos da
aldeia, que são hoje os meus melhores amigos. Acho que toda gente deve ter
tocado às campainhas da rua toda e fugir, quem não fez isso?
Lembro-me da chegada do meu
irmão, e do instinto de protecção que nasceu em mim, apenas com oito anos. Até hoje
o vejo como o meu bebé.
Nunca fui uma adolescente,
problemática, aliás sempre fui demasiado “mansa”. Nunca quis fumar, como os
meus amigos insistiam que o fizesse, a droga foi um mundo que me passou ao
lado, embora bem perto. Tive os meus namoros e saídas á noite, mas tudo bem
regrado. Talvez por isso sempre mereci a confiança dos meus pais. Aos 16 anos
já passava férias com amigos, e foi com eles que cresci, que comecei a ver o
mundo, foi também com eles que aprendi aquilo que queria para mim e aquilo que definitivamente
não queria.
Sempre fui boa aluna, não
propriamente a mais inteligente da turma, mas sem dúvida a mais esforçada. O 10º
ano de escolaridade marca a minha vida, para sempre. Na descoberta de mim
mesma, do gosto pela escrita, da formação da minha personalidade. A minha mãe
passou de me chamar “ alentejana com o teu pai” para “ mula brava”, acho que
ela queria dizer alguma coisa.
Nesta altura comecei a sentir,
que Tomar era pequena demais para mim. Inconscientemente, sabia, que ia sair dali, ver outras coisas,
aprender a ser só, que era uma coisa que eu não fazia a mínima ideia do que
era.
Entrei na universidade em 2006,
em Lisboa. E acho que foi neste período de três anos que se dá o verdadeiro
pulo, torno-me adulta. Fiz grandes amizades, grandes descobertas, grandes
aprendizagens. Lisboa na altura era um mundo novo, por descobrir.
Terminado o curso, no tempo
previsto, e numa conjuntura económica difícil, eu sabia que não era possível
ter manias de doutor! Não queria voltar para Tomar, por isso agarrei-me ao que
havia, trabalhei numa loja de roupa, em pleno Chiado. Seis meses, numa escola
como eu nunca tinha tido, dez mulheres num espaço, durante oito horas, sete
dias por semana, dá para viver lições que ficam para a vida.
Tive sorte, sempre tive, surgiu
uma oportunidade de trabalho, com condições melhores e eu aproveitei-a, aliás
continuo a aproveitar.
No meio disto, passei por várias
mudanças, vivi numa casa com 9 pessoas, partilhei casa com uma amiga, e agora
vivo sozinha. Um orgulho enorme e uma sensação de liberdade que poucos jovens
da minha idade têm o privilégio de sentir.
Realizei nos últimos anos,
grandes sonhos, um deles, ver o mundo. Viajar é a melhor sensação que tenho. Criei
um blog sobre viagens e o sonho da minha vida é deixar a secretária e viver da escrita
de viagens. É isso que me faz feliz.
Acho que nem todos nascemos para
o mesmo, para ser sincera, a vida típica não me emociona. Não quero um
casamento, talvez queira um amor. Não sei se quero ser mãe, não sei se me
apetece ser igual a toda a gente.
Dizem que não podemos imaginar o
futuro, devemos viver o presente, respeito as opiniões de toda gente, mas para
mim quem pensa assim, esta acomodado e não se dá ao trabalho de sonhar, por
puro medo da frustração.
Não sei como vai ser o resto que
me falta viver. Mas eu sonho..
Sonho com meus futuros sobrinhos,
os meus pais velhinhos, os finais felizes dos meus amigos, o meu nome na capa
de um livro que atravessa os Estados Unidos, uma casinha na praia deserta e eu
velhinha nessa casa, a escrever.
Daqui a 40 anos, ao ler isto,
tudo pode ter sido diferente. Posso até já nem ter tempo para ler estas
palavras, mas eu sei que também existe a secreta possibilidade de acabar de ler
esta autobiografia, com lágrimas nos olhos e a dizer baixinho…. e foi assim.
#PIECES_OF_ME