Esclareço antes de mais que o que escrevo nesta e em outras crónicas do
género é apenas uma opinião que não têm o objectivo de ofender ninguém e
baseia-se apenas no conhecimento que eu tenho e continuo a procurar ter em
relação ao tema. Não estou a escrever numa perspectiva hostil (como muitas vezes escrevo) mas sim numa outra vertente de mim: atenta e
preocupada.
A questão da diversidade religiosa é um assunto de extrema importância nos
nossos dias. A maior parte dos conflitos mundiais actuais ou não, têm ou
tiveram, algum fundo religioso, a par das questões geopolíticas e económicas
que infelizmente muito interferem na questão.
Já de alguns anos a esta parte que não é possível ignorar que o mundo tem
problemas graves por resolver. Seriam muitos os exemplos que infelizmente teria aqui para escrever se recordasse todos os “ataques” motivados pelo
radicalismo religioso, mas obviamente que o caso do Charlie Hebdo está totalmente
presente na minha mente.
Eu não tenho respostas ou soluções. Tenho apenas dúvidas…Que Deus ou Deuses
são estes? Que crença é esta que obriga, mata, restringe, ridiculariza? Que
prisões são estas que o mundo insiste em entrar? Que insolência é essa a de
supor que a “minha” religião possa desvalorizar o que quer que seja? Que
estupidez é essa de sair por aí aos tiros e aos bombardeamentos só porque eu
penso diferente de ti e a minha fé não é a mesma que a tua?
Que deuses protectores e bons são estes? Seja qual for a religião existem
“leis” estranhas para mim e a mim (volto a frisar) levantam-me muitas dúvidas.
A religião perde todo o sentido e razão de existir quando não respeita
minimamente os princípios para os quais foi criada. A religião não é afinal um
culto que deve aproximar o humano de uma entidade que o faça sentir bem e em
paz consigo e com o seu semelhante? Acho que se anda a fazer tudo ao contrário
e o problema certamente não está só na Religião Islâmica. Crer nisso é um acto
de ignorância e arrogância.
Por exemplo, o Cristianismo, que condena o uso de métodos contraceptivos. Há 2,4 milhões de mortes por ano, só na África Subsariana, devido ao HIV. Não contrariar esta tendência ou incentivar para
que ela aconteça não será também um acto de terrorismo? Uma família
a viver de rendimentos mínimos com 3 ou 4 filhos precisa mesmo de mais uns
quantos? Ou quem sabe, deixar de fazer sexo possa melhorar significativamente a
vida do casal? Tem lógica?
O Judaísmo e o seu Messias que permite deixar Árabes Palestinos
ou Palestinianos apriscados na Faixa de Gaza, porque ser egoísta e não ter
capacidade de partilha é que é bonito? Não estou dizer que os Judeus têm ou não
razão de reivindicar Israel e a zona da Palestina, isso não interessa para o
caso. Mas a religião não devia promover a partilha e o entendimento? Ou é a
fazer muros que as coisas vão para a frente?
O Hinduísmo, os seus Deuses e uma sociedade que desrespeita todos os
Direitos Humanos (falo especificamente da Índia) acreditando que determinada
pessoa nasce na casta mais baixa ou inexistente, porque merece? E se não se
portar bem (se não servir os outros) ainda vai reencarnar em coisa pior na
próxima vida. Estes Deuses são justos?
O Islamismo e os seus extremismos, que tudo indica, devem defender Alá até
às últimas consequências e quem sabe morrer e matar por ele. Estamos bem é a
morrer? Estão bem é a explodir crianças e pessoas que nada têm a ver com as
vossas loucuras? Que deus é esse? Não defendo radicalismos. Qualquer fanático
religioso, capaz de atrocidades contra a vida humana é na minha opinião, um
louco. Mas é importante não esquecer que existem radicalismos e muita estupidez
em todas as religiões e políticas.
Continuaríamos assim a achar muitas incoerências em todas as religiões do
mundo e continuaremos a seguir doutrinas que os homens (e não os deuses) nos
impõem.
Nenhuma entidade supostamente protectora da nossa existência pode permitir
que ultrajes e atentados à vida sejam uma obrigação. É inconcebível para mim
que esses Deuses permitam ou incentivem a matança e a humilhação. Cada um é
livre de acreditar no que quiser, ok! Desde que não perturbe a liberdade
individual de ninguém.
A culpa não é dos Deuses, nunca foi. A culpa é dos humanos, das cabeças
doentias que tratam os povos como se fossem donos de alguma coisa, de pessoas
que não fazem a mínima ideia de que é viver em comunhão com uma entidade e com
a diferença. Os fundamentalistas de qualquer religião estão a falhar porque
criticam todas as religiões, menos a sua. Enquanto não se olhar com lógica para
os próprios erros não vamos resolver nenhum conflito, não vamos ter respeito,
não vamos parar de sacrificar pessoas, não vão parar de morrer inocentes.
Não autorizem que vos castrem a possibilidade e liberdade de pensar e de
fazer as coisas certas: falando, discutindo, procurando a paz, respeitando as
diferenças, zelando pela própria vida e pela do próximo, seja ele quem for.
Independentemente da cor, país, política ou religião. Não autorizem que vos
imponham verdades, procurem-nas!