Estamos
a chegar ao fim de mais um ano e vocês sabem que eu tenho mania de fazer
balanços por esta altura.É estúpido. A alteração de ano não muda nada, mas dá-me alguma esperança e incentivo para a renovação e construção de coisas que ficaram por fazer. E por
dizer.
Tenho
medo de estar a ser ingrata com 2014, mas eu não gostei muito dele! Dizer mal
dele é ou pode ser considerado ingratidão porque na realidade eu tenho o mais
importante: saúde, trabalho, boa disposição e gente boa. Ok, ninguém diz o contrário
e estou muito grata por isso!
Porém,
2014 foi um ano que espelhou também muita frustração, por não conseguir ir tão
longe como gostaria, muitas preocupações de gestão financeira, problemas de saúde
de pessoas próximas, azares que destruíram pequenas coisas que demorei para construir,
desilusões, medo e ao mesmo tempo uma vontade gigante de mandar tudo ao ar. Na realidade eu não fui devastada por nada disto, porque me levantei como sempre faço e vou
à luta. Mas cansa.
Mandar
tudo para o ar: Sempre soube que a minha maturidade reside em contrariar o meu “pavio curto” (Pessoa de comportamento explosivo, pouco paciente ou tolerante),
na realidade acho que ele está cada vez mais curto. Não consigo encontrar a
calma e a paciência necessários para uma vida estável, não consigo admitir a convivência
com alguém que não esta de acordo com os meus parâmetros de respeito, e embora
isso se note cada vez mais, a maneira com o faço sentir ou seja a maneira como expresso isso está mais subtil. É chato contrariarmos o que somos. Acho que
nunca vou conseguir mudar totalmente, mas trabalho nisso todos os dias.
Problemas
e frustrações: As preocupações que me perseguem são de algum modo gerais. Este
país dá cabo de qualquer um, é frustrante! Eu sou uma sortuda tenho quase 27
anos e nunca tive desempregada, mas às vezes é desesperante! Levantar todos os
dias de madrugada, fazer o meu melhor, dar tudo o que tenho e às vezes até mais
que isso e nada! A vida não anda e se andar é para trás. Comes, bebes, pagas as
contas, tens pequenos (pequeníssimos) vícios e ócios e dá-te por contente! Eu não
preciso de muito mais para ser feliz, é certo. Mas eu tenho ambição, não posso
dizer que não. Eu não posso negar que gostava de ter uma casa melhor, não posso
negar que estou absolutamente cansada de transportes públicos e gostaria imenso
de passar férias onde desejasse. Há pessoas que me criticam por isto... mas
porra eu não estou sentada no sofá à espera que isto me caia em cima! Eu quero
conquistar as coisas com o esforço do meu trabalho e também quero ser
recompensada de forma justa. Se querer um país mais justo em oportunidades é
ser ambicioso então sim eu sou uma pessoa ambiciosa. Eu sei que é preciso ter
calma e persistência, mas não é fácil, acho também que eu nunca escrevi tão sinceramente e de forma tão directa sobre isto, mas ando um bocado estafada
de indirectas. Vingar sozinho é fodido! Ninguém tem culpa de ter pais ricos, ser de boas famílias, ter onde se
agarrar, eu não crítico! Mas não me venham com balelas porque essas pessoas
que às vezes ainda têm o desplante de fazer pouco ou mandar bocas, não fazem a mínima
ideia do que falam.
Desilusões:
Nós só nos desiludimos com quem gostamos, às vezes com quem gostamos muito e
outras vezes iludimos-nos a nós mesmos. Este ano foi intenso em relação a isto.
Preciso de dizer o que aprendi, nós temos que nos dar apenas a quem nos vê. E falo
de amizades, amores, laços de família. Se tu dás de ti a alguém que não te vê,
não te conhece, não te ama e não te retribui na mesma proporção, então esse é
um esforço inglório que nunca te fará feliz.
Desiludir
alguém, acontece! E ser desiludido também. Algumas pessoas foram feitas para
ficar na nossa vida e outras apenas para viver um pedaço dela. Embora te possa trazer
alguma tristeza e nostalgia aceitar isto, é a condição essencial para seguir em
frente.
Medo: Eu sou mariquinhas! Não parece, mas sou. Admitir os meus medos é achar o
caminho para os combater. Ao longo do tempo e das cabeçadas que vamos dando nós vamos ficando mais espertos, mas nem sempre isso é bom. Ganhas muitas
defesas desnecessárias. Às vezes é bom ir na onda, deixar essas amarras que nos
impedem tantas vezes de estar bem e de partilhar isso…
Eu
sou avisada para ter cuidado com isto e com aquilo e falar menos e contar
menos. Mas para quê? A vida é isto, é o que acontece e nem sempre está tudo na
palma da mão. A minha vida é desajeitada mas eu gosto dela assim. Gosto de a
partilhar assim com quem gosto, porque não a invento. É isso que eu mais gosto
em mim, eu não faço da minha vida uma casa perfeita de bonecas perfeitas e não
venho para aqui escrever só o que me acontece de bom.
Eu
sou isto e esta é a minha realidade nua.
Meus
queridos tenham um Feliz Natal e desejo muito que o nosso ano 2015 seja um
bocadinho mais compensador, não é preciso vir tudo ao mesmo tempo, mas um
bocadinho mais dava jeito! Se não olha, a malta sobrevive, sem a casa perfeita
de bonecas perfeitas, na vida que dá para ter. E melhor que isso? Sobreviveremos
felizes.
Boas
festas!
(p.s. 2014
apesar de eu falar mal de ti, obrigado por certas prendas)