A vida vai dar-te muitas lições, vai
ensinar-te muitas coisas. Pôr todos os teus sentidos à prova, e acredita vais desesperar, vezes sem conta. Vais ter momentos em que te vais sentir perdido.
Mas é exactamente quando te
sentes na obrigação de decidir, que aprendes. É quando decides pôr um ponto
final na história que a vida te dará uma história nova.
Quando resolves partir, ela dá-te
o caminho. Quando lutas e não te deixas abater pelo medo, ela dá-te a solução.
Porém cabe-te a ti, reconhecer os
erros do passado e as oportunidades do futuro. Nada do que se passou revela o
que és, todos os dias são uma nova chance, de fazer mais e melhor.
Nada do que foste, nem os sítios
por onde tens andado definem a tua história. A história muda a cada palavra que
escreves, a cada sonho que tens, a cada pedaço de passado que arrumas.
São doces os dias contigo. Afinal essa coisa que toda a
gente fala, existe.
Admito.
Embora não mude o meu olhar céptico em relação ao amor e às
pessoas, admito, existe uma momentânea felicidade no coração dos entusiasmados.
Naquele curto espaço de tempo que a paixão dura, somos
felizes e sentimos que estamos mais vivos que nunca.
Meio aos trambolhões, meio embasbacados nas voltas de quem
quer tanto. Tanto bem ao outro.
Percebi que não se trata de mim, o amor nunca foi isso que
eu pensei. Trata-se antes de nós, de nos
fazermos felizes enquanto o tempo dura, enquanto quisermos que assim seja.
Sem pressas ou pressões, sem mais lágrimas e empurrões. Sem medos
…
A verdade descobre-se, descobrindo. Explorando… a vida
faz-se assim.
Sem imposições.
Com pequenas surpresas diárias de quem acaba de se achar, todos os dias.
Um estado de paz. O afecto é um estado de paz e segurança. Se
não o é … nunca te fará feliz.
É a atracção sexual
dirigida fundamentalmente para indivíduos do mesmo sexo.
“Sex
is full of lies. The body tries to tell the truth, but it's usually too
battered with rules to be heard. We cripple ourselves with lies. Most people
have no idea of what they're missing, our society places a supreme value on
control, on hiding what you feel. It mocks primitive culture and prides itself
on the suppression of natural instincts and impulses.”
Jim
Morrison, The Doors
Nunca senti muita vontade
de dar opinião em relação a este tema, porque de certa forma não é, nem nunca
foi questionável para mim. Na minha opinião, as pessoas têm que ser felizes, e
para que isso aconteça, por vezes temos que ir contra o que os outros pensam ou
contra as “regras” que a sociedade estipulou.
Tenho notado, cada vez
mais e principalmente na grande cidade, que de alguns anos a esta parte, a
aceitação é cada vez maior. Obviamente que a permissão do casamento civil entre
pessoas do mesmo sexo em vários países, inclusive em Portugal desde 2010,
também veio abrir muitas portas para uma realidade que muitas pessoas teimaram
em não ver, durante anos.
É uma temática muito
interessante, até pela grande polémica que surgiu recentemente em relação a adopção
de crianças, por casais homossexuais.
Importa perceber a
história (lá venho eu com as histórias), mas é tão difícil para mim, ver que
certas pessoas, não conseguem perceber a homossexualidade, existem pessoas, que
nos dias que correm, ainda acham que um homem ou mulher homossexual é louco ou
doente.
A
história diz-nos que o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, sempre
existiu.
Na pré-história, os nómadas não tinham noção clara do conceito de
reprodução, estima-se que houvesse contacto sexual indiferenciado. A civilização
egípcia fala-nos não só de relacionamento entre homens do mesmo sexo, mas também
entre Deuses com exemplo de Horus e Seth. Na Grécia Antiga, não havia oposição ao
relacionamento homossexual, como nos mostra um estudo de Foucault. O filósofo Platão 385
a.C. defende publicamente que somente o amor homossexual pode conferir o homem
grego a plenitude intelectual. Augusto César, foi o primeiro imperador a
reconhecer oficialmente os primeiros casamentos homossexuais.
Só a partir do século
XVIII, se estabeleceu a “regra”, de um modelo heterossexual, em quase todas as
culturas monogâmico e voltado para a reprodução. A Homossexualidade tornou-se a
partir daí uma doença, estudada ao longo dos séculos. A partir daqui também,
podemos falar de homofobia e preconceito. Por volta de 1700, com a reforma
puritanista, houve introdução de novas noções do bem e do mal.
Na Alemanha Nazista, as estimativas sobre o
número de homossexuais mortos nos campos de concentração varia muito, entre 5 e
15 mil, consoante os autores consultados.
Só no final da Segunda
Guerra Mundial, a homossexualidade foi começando a sair da clandestinidade. Como
os primeiros movimentos libertadores a acontecerem na Europa e nos E.U.A.
Em 1973, a Associação Psiquiátrica Americana, exclui o
homossexualismo do “catálogo” de doenças ou desvios, 83 anos após ser considerado
uma patologia clínica.
A meu ver, todo e qualquer tipo de preconceito atrapalham o
desenvolvimento de um país ou uma cultura. As pessoas nascem singulares e
livres. A homofobia fecha as portas da justiça e da liberdade. Liberdade, que a
história nos ensina que demorou muito para conquistar, foi preciso derramar
muito sangue, para se conceber os direitos que conhecemos, hoje.
Qual é o problema de se espalhar amor? O que é que faz assim
tanta confusão, trata-se apenas de afecto…
Nem
tudo é mau, quando bates com o nariz no chão, quando a vida de dá aquele sinal
que alguma coisa está mal e que te cabe a ti, mudar isso.
Aquilo
que acreditaste e insististe durante anos, afinal era apenas a tua maneira de
ver e que nada importa agora, deixou de fazer sentido.
Divirto-me
com as voltas que isto dá.
Já
errei tanto. Já pensei que as coisas que eram fixas, inalteráveis… mas elas não
são. E isto é válido para a sorte e para o azar.
Poderia
dar imensos exemplos pessoais, mas vou apenas pegar num deles: as viagens, que
me fazem tão bem.
Quando
era miúda, achava que nunca sairia de uma pequena aldeia, não via caminhos para
fugir disso, do mesmo, do sempre igual. A vida deu a volta e eu conheci e senti
cidades, países e um bocadinho do mundo. Hoje queixo-me, a frustração de não poder ir mais vezes, ver mais, sentir mais, é
grande, mas até que ponto serei íntegra se não perceber, que o desejo inicial
se cumpriu?
Não é resignação, é só justiça.
E isto acontece repetidamente na
nossa vida, nós não conseguimos identificar as voltas. A volta boa, que a vida
deu, e nem as más voltas que teve que dar para obrigatoriamente existir uma
mudança de rumo.
Não gosto de ser mal-agradecida. Mas
às vezes sou.
A ambição é uma coisa perigosa, quando
é desmedida. Uma coisa é ser lutador, é não esperar que as coisas nos aconteçam
e lutar por elas, outra completamente diferente é não dar valor a uma etapa,
porque já se pensa na seguinte.
Engraçado como a vida te vai dando e
tirando. Às vezes parece que colocou algo ou alguém para nos ensinar alguma
coisa.
Para nos fazer ver, que isto é único.
Este momento é raro.Raro demais para sorrir pouco, para
querer desalmadamente coisas muito difíceis.Não há tempo para querer impossíveis,
é tempo de viver com o que se tem. Uns dias melhores, outros piores. Uns dias
mais abonados, outros menos. Mas sempre com esperança, fé e luta saudável.
Afinidade. Conexão. Às vezes não
reparamos nisso, a pressa da vida rouba-nos o tempo, o tempo de apreciar e sentir
as pessoas. Ter ligação com alguém é espantoso.
Não estou a falar dessas ligações
que se tornaram um hábito, um suportar e acumular de vida juntos. Estar com
pessoas porque se tem necessidade não é mesma coisa que estar com pessoas
porque se partilha a mesma energia.
São escassos encontros que nos
acontecem algumas vezes na vida. Nós, cegos como sempre, teimamos em encaixar pessoas
em gavetas, mais um amor, mais um grande
amigo, mais um amigo, mais um. Mas trata-se de muito mais que isso.
Teremos sempre pessoas
verdadeiramente especiais a passar na nossa vida, mas partilhar o estado de espírito,
essência, alma… isso é tanto e tão raro.
Entendimento, puro e duro! Como
se soubesses vestir a pele do outro, como se soubesses o que é ser alguém que
não és. Como se te visses na situação, no contexto, naquele sonho.
Pessoas que não estão à nossa
frente, nem atrás, pessoas que não nos julgam, não acham que sabem o que sentimos,
elas sentem o mesmo.
É perfeito. Caminhar na estrada
da vida, lado a lado..
Chega um
tempo em que é preciso prometer, é urgente fazer promessas, dessas que possamos
cumprir. É urgente pôr amor, alma e coração nas coisas.
Entregar tudo, viver
tudo..
Tenho urgência em prometer…
Prometo
procurar-te, prometo dar-te a mão e levar-te para algum lado onde possamos
recuperar a pele ferida dos dias menos bons.
Prometo respeitar-me,
respeitar-te. E dizer-te verdades com os olhos.
Prometo que
não me vou perder, desiludir-te e falhar as nossas conversas, os nossos pactos.
Prometo que
não vou seguir o caminho que eles querem. Eles não vão roubar a minha
humildade, ninguém me rouba, amor.
Prometo que
vou manter a minha vida na tua.
Prometo que
vou ser teimosa e teimar que o amor vence. O nosso amor desinteressado. Vence.
Amor sem medo, um amor que não vem apenas da solidão, que não vem da fraqueza,
amor simples.
"Podemos achar que já amámos alguém. Mas depois chega quem nos faz entender que afinal não era amor. Que afinal era assim um gostar quentinho, mas não era amor. Que era um sítio confortável, mas não era amor. Era um estou-aqui-mas-podia-estar-ali. Era assim qualquer coisa a que nos habituámos. Era.
Depois vem quem nos tira o chão. Quem nos inquieta a mente. Quem nos troca as respostas que tínhamos para a vida. Quem nos faz olhar com outros olhos. Quem nos faz descobrir cheiros e ansiedades. Quem nos faz desinquietar a vida. Descobrir o vazio da falta do outro. Quem nos ensina a urgência e a saudade. Isso é amor. Quente. Avassalador. Eterno. Não traduzível em palavras."
Antes de mais, muito obrigado a todos aqueles
que de uma forma ou de outra manifestaram interesse em relação ao livro que
vos falei, na semana passada.
Os dias agressivos que vivemos estão a trucidar
as artes, isso, todos sabemos.
Na minha opinião, que vale o que vale, há
muita coisa que se perde ao olharmos apenas para o lucro de um produto.
Perde-se na música que ouvimos, na televisão, cinema e teatro que assistimos e
também se perde nas obras que lemos.
A Soma das Partes é o
resultado de um sonho, de uma aprendizagem e de uma vontade muito grande de ver
no papel a consequência do esforço e do talento de um conjunto de pessoas.
Trata-se de uma edição de autor, ou seja
inteiramente feita pelos seus autores e é também da responsabilidade destes, a distribuição
da obra.
É por essa razão que aqui escrevo, se alguém
estiver interessado em adquirir este livro (seja por gostar de mim, por gostar
do que escrevo ou por achar um livro interessante). Pode fazê-lo através de
mensagem privada ou pelo telemóvel, para quem tiver o meu número.
Terá um preço simbólico, que reverterá para
duas “causas”:
- A primeira, eu! Gostava de tirar um curso
de escrita de viagens, e vou aproveitar para investir nisso.
- A segunda são os meninos e meninas da Terra
dos Sonhos: http://www.terradossonhos.org/, instituição
para a qual pretendo doar metade do lucro angariado.
Não posso terminar, sem agradecer, porque se
não fosse por certas pessoas, eu não tinha acreditado, eu não tinha continuado
a fazer o que faço nestes 10 anos de escrita.
É giro escrever no facebook, é
bom ter gostos e comentários. É fantástico alimentar o Asas (http://asasdepapel-inesramos.blogspot.pt/),
com as minhas coisinhas, muitas vezes parvas, e saber que de algum modo elas
tocam nas pessoas, saber que as pessoas se revêm nas minhas palavras.
Mas ter o
meu nome num livro é totalmente diferente. É um pequeno passo, eu sei. Mas é um
motivo muito grande para continuar a lutar pelo que eu quero.
Obrigado aos meus pais, pelo esforço que
fizeram e que eu acho que soube aproveitar.
Obrigado aos meus amigos, sei que a opinião
de um amigo é sempre subjectiva! Mas são eles a grande razão do meu entusiasmo.
Obrigado às pessoas que eu não conheço
pessoalmente, mas que lêem, comentam e divulgam o meu trabalho.
Obrigado por acreditarem nesta louca, que
continuará sempre a defender uma teoria simples:
“Eles não sabem, nem sonham, que o sonho
comanda a vida, que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola
colorida entre as mãos de uma criança.”
Essa peça de teatro decadente, com actores medíocres e poucos aplausos,
era a tua estúpida imaginação, só a tua estúpida mania de achar que as pessoas não podem ser assim tão más!
Não, elas podem. Podem ser piores do que tudo o
que imaginas. Mil vezes mais sujas, baixas e ordinárias do que alguma vez, te
vai passar pela cabeça.
São pessoas filhas da
puta, sem princípios, sem valores ou remorsos de quem passa por cima de qualquer
coisa para chegar onde quer ou ao que precisa.
As pessoas podem ser
assim. Eu não te disse vezes sem conta? Eu não te avisei? Como pudeste ser tão
burra, tão ingénua e tão burra!
- Eu fiz sempre o melhor
que sabia. Amei quando e quanto pude, dei o que achei que podia dar.
As
escolhas dos outros não me pertencem. A merda que essas pessoas são, também não
é uma preocupação minha. Não tirava uma virgula da história, voltava a conta-la
tal e qual assim.
Não posso envergonhar-me
de ter dado boa parte de mim, a melhor parte. Não posso culpar-me de acreditar
nas mentiras convincentes de quem não presta.
A vida é isto e sabes que
mais? Eu quero que ele seja feliz. Ele devia tentar ser… sem mais guerras,
mentiras ou ilusões.
A felicidade é certamente outra
coisa.
- Continuarás sempre a ser
essa parva romântica que a vida engana. Dá-me vontade de desistir de ti. Tu não
aprendes, não tens sede de vingança, de provocar dor nos outros como os outros
te causam a ti?
Como é possível não te revoltares
uma vez que seja?
- Isso seria perder mais
tempo. Não tenho obrigação de acertar sempre, não posso mudar pessoas, não
posso viver na angústia de me ter enganado.
Tento, tentarei até me
findar, tentarei até o encontrar.
- E até lá? Vais levar
mais quantas chapadas?
- Até lá.. sou feliz. Feliz
por não me deixar corromper pela fraqueza de um ser, pela pura maldade, pelo
mau carácter.
Feliz, apenas por não ser
igual a ele. Apenas feliz por ter matado esse monstro, dentro de mim.
"Algumas coisas são inexplicáveis para quem está de fora. Existem códigos secretos que só pertencem aos que partilharam a mesma mesa, o mesmo quarto, as mesmas brincadeiras, os mesmos pais. Talvez cumplicidade e camaradagem sejam as palavras certas para definir esse tipo de amor, que começa com um "não me entrega que eu também não te entrego", e segue vida afora compreendendo os traumas ocultos, as dores disfarçadas, a raiva acumulada, a alegria infantil, a inércia justificada. Mesmo longe, as mãos se reconhecem e se apoiam. Mesmo sem palavras, o entendimento é real. E no fim das contas (...) É aquele olhar que justifica e valida a beleza da vida, do mundo, das pessoas. E, de alguma forma que não sei dizer, traz alívio e paz.
Nada de mim está mais lá (aí), apenas a memória de velhos pijamas de dormir e a voz suave de mãe contando histórias para explicar a vida e justificar o amor."