Sou uma apaixonada por praia, confesso. Acho
que me apaixonei, em pequena, nos verões passados na Nazaré. Antes de sair de
Portugal, os meus destinos favoritos eram os países quentes, com praias
desertas, água turquesa e areia branca. Mas, a partir do momento em que comecei
a viajar para grandes cidades, descobri que não posso ser tão taxativa. Praia e
descanso são óptimos, confusão, também, dependendo do que se procura.
Cabo Verde surge, no seguimento disto.
Pretendíamos uma viagem de descanso e boas praias a fechar o verão de 2011.
Cabo Verde é
um arquipélago africano de origem vulcânica, constituído por um conjunto de 10
ilhas a 640 km da costa do Senegal.
Quando foi descoberto em 1460 por Diogo Gomes,
as ilhas eram desabitadas e sem indícios de vida humana anterior, Cabo Verde
foi colónia de Portugal desde a sua descoberta até 1975, ano da sua
independência
Muitos dos leitores não me conhecem de lado
nenhum, passo a explicar a não sou fã de viagens resort, pelo menos para já.
Não acho piada, aquelas viagens de 7 dias, confinados a um resort 5 estrelas,
que tem tudo e mais alguma coisa lá dentro. Se calhar não acho piada, porque se
o fizesse apenas faria uma viagem ao ano, e por isso prefiro ir mais vezes,
mesmo que com menos luxos.
Fomos para a Ilha do Sal, em Setembro de 2011.
Escolhemos ficar num hotel 3 estrelas, bem no centro e perto da praia de Santa
Maria, chamado Pontão. Voamos com a TAP, voos de 4 horas, bastante tranquilos.
O hotel, não desiludiu em nada, bons quartos,
bom pequeno-almoço e uma piscina fantástica! Obviamente não comparável, com a
cadeia RIU, 5 estrelas, que também existe na ilha.
O aeroporto da ilha do sal é bizarro, cada vez
que estou nos aeroportos europeus, penso como tudo seria mais fácil em Cabo
verde. Três tapetes rolantes, duas portas de embarque, pequena sala de fumo ao
ar livre, logo a saída dos tapetes. Fantástico!
Chegamos de noite, adoro as manhãs em que
acordo no sítio novo e totalmente por descobrir!
Na manhã seguinte, a grande curiosidade
era chegar à praia de Santa Maria. Acredito que existam muitos paraísos na
terra, mas esta praia está entre eles de certeza.
É o azul claro do mar quente, a areia branca e fina, o calor, a
pouca ondulação, um areal imenso e pelo menos no tempo em que lá estive não
muito ocupado.
O pontão com os tradicionais pescadores divide a praia em duas
partes, no fim do areal, existem agradáveis restaurantes.
Para além da praia, as agências locais, oferecem aos turistas
uma grande panóplia de actividades. Desde mergulho, mota de água, passeios a
outras ilhas, visita a praias para observação da fauna marítima (tubarões),
entre outras, obviamente estas actividades são pagas, não acho que sejam caras.
Nós optamos por um passeio pela ilha do sal, que incluía passar pelos lugares
mais relevantes da ilha.
Passamos por Monte-Leão, assim chamado porque tem a forma
de um leão, segundo eles. Visitamos a célebre Buracona, a Buracona são
piscinas naturais que se formaram pela força do mar na rocha vulcânica, a cor
turquesa das águas contrasta graciosamente com o negro da rocha. Observamos o OLHO
D'ÁGUA, uma caverna sub-aquática, na qual os raios de sol incidem formando
um olho azul, um verdadeiro fenómeno da natureza.
Seguimos viagem para as salinas de Pedra
Lume, passando por uma zona desértica, onde pela primeira vez soube o
que era uma verdadeira miragem.
Acabamos a nossa viagem pela ilha, nas Salinas
de Pedra Lume, na cratera de um vulcão, já extinto. Este vulcão por se encontrar perto do mar vê a sua cratera preenchida de
água salgada que se infiltrou pela porosidade da pedra. É dada possibilidade,
de tomar banho nas salinas, devido à concentração de sal, flutuamos e ainda
bem, não é de todo aconselhável, provar aquela água ou deixar ir para os olhos.
A sensação quando se sai da piscina, também não é assim muito agradável, é como
se tivéssemos “panados” de sal.
Quando viajo, presto muita atenção, no modo como as pessoas dos
lugares são e vivem. Se na Europa nem tanto, quando vais para o Continente
Africano, sentes grandes diferenças, ainda que Cabo Verde seja um país,
sobretudo turístico, elas existem.
No Sal, encontrei o povo simpático e acolhedor, talvez porque
ficamos num hotel no centro, vivemos muito mais a cultura cabo verdiana, porque
acabávamos por ir aos meus sítios que eles vão. Aos mesmos restaurantes, aos
mesmos bares, passeios pelas ruas tradicionais, onde eles ganham a vida. A zona
centro, tem diversos restaurantes típicos, alguns cafés e bares, e praças, onde
brincam crianças descalças.
Tive oportunidade de visitar também Palmeiras, uma vila, perto
do Sal e Espargos, a capital da ilha. As pessoas são as mesmas simpáticas e
acolhedoras, mesmo vivendo com pouco. Dedicam-se essencialmente a actividade
piscatória e ao turismo. Existem lojas de lembranças (muitas artesanais) por
todo o lado.
Em Cabo Verde come-se bem. Ok, eu sou
suspeita, sou boa boca. Mas acho que sim, temos desde os pratos mais
tradicionais como a famosa cachupa, ao peixe grelhado que toda a gente come.
E
depois diga-se de passagem, comer, com esta vista, abre o apetite a qualquer um!
Como qualquer outra viagem, aconteceram coisas menos boas em Cabo
Verde.
Primeiro aviso, que acreditem vos vai dar MUITO jeito, na vila
de Santa Maria existem uns vendedores de rua (maioritariamente senegaleses),
que podem ser verdadeiramente incómodos. Cercam-te como se não houvesse amanhã,
andam contigo pela rua até lhes dar alguma atenção. A menos que se queira
comprar alguma coisa, não vale a pena responder. Quanto menos conversa melhor,
é ignorar e seguir. Se quando estás em grupo a coisa é quase indiferente,
sozinha (repito mulher/sozinha) é de ter medo em plena luz do dia. Lá me safei…
Segundo aviso, Cabo Verde não é para meninas, esta viagem foi
feita com dois amigos, mas houve um dos dias, em que meu pequeno espírito
aventureiro me levou, sozinha até à praia. Certo é que mal eu dei por isso,
tinha um jovem local, quase em cima da minha toalha, a fazer-me as perguntas
habituais,” de onde és”, quanto tempo vais ficar” … é desconfortável. Dei aso a
minha imaginação, mas só o consegui despachar algum tempo depois, inventado que
o meu namorado estava ali mesmo na esplanada. Não quero dizer com isto que o
rapaz me quisesse fazer algum mal, provavelmente até só estava a ser simpático.
É o simples facto de eu ser verdinha nestas coisas que muda tudo. Qualquer
mulher com um pouco mais de experiência em situações destas o teria, mandando
educadamente à fava em 5 segundos.
Terceiro aviso, não bebam a água deles, os turistas são
devidamente alertados para o facto de o nosso estômago não estar preparado para
o teor da água que eles bebem. Infelizmente, eu bebi! E por causa disso perdi
uma tarde, com uma indisposição, que só passou quando eu me convenci, que tinha
de vomitar.
Quarto aviso, aquilo é quente mesmo! Mal se abra a porta do
avião, no aeroporto Amílcar Cabral, sente-se um calor abafador. Para nós, que
somos flores de estufa, são obrigatórios certos cuidados (muita água, protector
solar).
Conclusão: Adorei, aconselho vivamente. Pelas praias, pela
cultura, pelo povo, pela experiência e aprendizagem de realidades diferentes da
nossa. Pelo espírito calmo e sem stress, com que aquele povo vive. Pela alegria
das crianças ao receberem um chupa. Pela abertura do preconceito e até mesmo
para dar valor ao que temos.
Deixo Cabo Verde, partirei para outro lugar em breve. Deixo-vos
com esta foto, que tirei ao pôr-do-sol, na praia de Santa Maria, sozinha mas
bem acompanhada pelos jovens cabo verdianos que ao fim do dia se divertem no
mar. Um dos encontros comigo mesma.
Tud’ dreto?
(está tudo bem?) sem stress
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