Estou atrasadíssima para debater
este assunto, mas para bons temas, estamos sempre a tempo.
Jessica Athayde e a moda Lisboa.
Como devem calcular não vou falar
sobre a actriz. Beleza é uma coisa muito subjectiva, na minha opinião, que vale
o que vale, a Jessica é gira e está óptima, para andar de biquíni, onde quer que seja.
A actriz que me desculpe, se
algum dia ler este texto, mas também não me parece correcto da parte dela,
comparar-se as “mulheres reais”.
A Jessica vai ter que me perdoar,
mas as mulheres reais, não têm acesso a tratamentos, não têm tempo para cuidar
do corpo, não têm roupas “emprestadas”, muito menos alguém que lhes cuide da indumentária,
a maioria da mulheres deste país, trabalha 8 horas, come mal, dorme mal, ganha
mal e está atolada em problemas.
Não desfazendo obviamente do que
se passou, porque notoriamente só mentes invejosas e mesquinhas poderiam falar
da maneira como falaram, da actriz.
Mas se é de mulheres reais que
queremos falar, então sim, acho que é tempo de colocar a mão na consciência e
fazer alguma coisa para sair da escravidão em que vivemos.
Escravas dos parâmetros impostos
por uma sociedade fútil e sem prioridades.
Ao contrário do que se pensa, o
sexo masculino está fora desta guerra. São as próprias mulheres que exigem umas
das outras, critérios absurdos de perfeição.
Li algures uma frase que dizia
algo do género: “As mulheres vestem-se para agradar às outras mulheres, se
quisessem agradar homens, estariam nuas.” Soa estranho, mas tem a sua lógica.
As mulheres competem, sabe-se lá
o quê e porquê.
Não vou ser hipócrita, até porque
já me assumi aqui, como vaidosa, que sou. Ninguém quer ser feio. O ser-humano
precisa da aceitação do outro, precisa de “agrados” e elogios.
A nossa essência pede essa
atenção. Mas também tenho que puxar a brasa à minha sardinha, não é um corpo ou uma cara que faz uma pessoa fantástica ou interessante, como eu sempre disse
e escrevi aqui também.
Para levares uns piropos na rua e
teres sempre pessoas a bajular-te, isso chega, mas para as conquistares, isso
não assim é tão importante.
Nem sequer é uma questão de
personalidade, cada um tem a sua e quem gosta acaba por se adaptar. Eu penso
que tenha ver com carisma, com a maneira confiante como te apresentas, a sorriso
que dás e os que escondes, a maneira como dizes que não gostas disto, simplesmente
porque sim.
Existe uma quantidade de pessoas
que não se afirma, só para não sair do padrão-comum.
As pessoas adoram ser umas iguais
às outras, e eu detesto isso. Sei de muita rapariga gira, que não tem esse
carisma e que nunca vai ter, enquanto não se desvincular da norma, assim como
sei de uns quantos rapazes que a beleza nunca chegará, se não cultivarem outras
coisas.
A minha geração, e as mais novas nem se fala, vivem de aparências. Vivem em constante busca por uma perfeição
que nunca vão encontrar, tanto a nível físico com ao nível das relações com os
outros.
É o maior erro do ser humano
tentar agradar a todos, não tem mal nenhum, existirem pessoas que não gostam de
ti, não foram com a tua cara. É então?
Principalmente as mulheres têm
esse trauma da aceitação, as mulheres até com as amigas são invejosas!
Estamos no caminho errado, se
queremos criar um mundo mais igual, solidário e onde cada um é livre de ser
como bem entender.
Não é a criticar os outros e a
olhar só para o próprio umbigo que as coisas mudam. Algumas pessoas só mudam,
quando começam a provar do próprio veneno.
Se nos defendêssemos e nos tentássemos
ajudar, ao invés de sermos juízes de coisa nenhuma e narizes empinados por razão
alguma, talvez todas, fossemos mais felizes.
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