Desço as escadas e acendo mais um
cigarro, são sete horas e esta rua ainda está nua. Gosto da cidade despida de multidão,
só o silêncio permite que oiça os meus tumultos. Lembro-me de ti e do teu olhar
tão cheio.
Em passos lentos, caminho para a paragem
onde me habituei a esperar pela alma e pelo 23 da carris também. Enquanto esperamos,
eu a calma damos as mãos, com se precisássemos apenas uma da outra… nada mais.
A coragem faz-se demorar, ela
sempre gostou de ser a última a chegar. Tenho tempo para pensar e criar o espírito
para mais um dia perfeito. Há-de ser. Se formos juntos é mais fácil?
Chegou o 23, ninguém nos diz bom-dia.
O que se consome mais nesta cidade é solidão. Cada um perdido no seu mundo, olhares
vazios de pessoas com enfados matinais. Não me conduza por aí, esse
caminho, eu já conheço. Reflicto.
Se vens comigo, então eu
vou sem medo. Esta manhã tu que encorajas o
meu caminho.
Lembro-me de ti e do teu olhar tão cheio.
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