Antes de partir
Um dia tu vais ficar sem mim e eu
vou ficar sem ti. Um dia nós vamos embora e nada mais vai restar para além das
lembranças que tu e eu criámos. É engraçado como apesar de sermos tão
diferentes, nós acreditamos que se esta vida nos vai marcando, nós também
podemos marcar a vida, à nossa maneira.
Se a vida acabasse amanhã já teria valido
tanto a pena, porque fazer valer a pena é algo que apenas se prende com as
pessoas que amamos e com as pessoas que nos amam. Que nos amam apesar de tudo,
apesar das visíveis imperfeições que nos saltam da pele muitas vezes em forma
de cicatrizes ou feridas mal curadas.
Privar com pessoas que muitas
vezes parecem mensageiros, é dos maiores privilégios que podemos ter. Quando
percebes que tudo isto não passa de uma curta jornada, entendes que as mágoas
só te atrasam o passo, os pequenos desentendimentos fazem parte mas não podem
ser a grande parte de tudo isto. Porque na realidade somos feitos da mesma
matéria falível e profundamente frágil, que mais tarde ou mais cedo, apenas se
esfumaça no incrível mistério que será a próxima viagem.
Na realidade nem todos vão gostar
de nós e nós também não vamos ser capazes de gostar de toda a gente, mesmo que
se queira gostar, o sentimento nunca nasce por obrigação. Vamos viver bem com isso
porque é natural que assim seja. Vamos esquecer e dedicar o tempo apenas a
quem importa para nós. Muitas vezes o ser humano tem a estúpida tendência de
fazer precisamente o contrário, dedicar tempo a quem não tem ou não devia ter
relevância na sua vida.
Antes de um de nós partir,
deixa-me dizer-te as coisas assim cruas para que as leves contigo, para onde
quer que vás. Deixa-me dizer-te que embora nem sempre saibas porque na
realidade eu nunca te dou a entender, tu és uma inspiração de vida.
Não vás sem que te diga que foi
contigo que aprendi a ser lutadora, tu ensinaste-me que só se desiste no fim e
que por mais que o cenário seja trágico, o caminho é sempre para a frente. Não
vás sem que te diga que a tua calma é a minha herança, esse jeito de viver
desprendido como quem não se importa, mas na realidade se vai importando
devagar. Não vás sem que te diga que foste a melhor coisa que me aconteceu. Não
vás sem que te diga que existem realmente amizades eternas e que elas contêm
tanta história que quase não nos cabe na memória. São os de sempre e para
sempre que se destacam numa existência sempre tão efémera.
Não vás sem que te agradeça que
me escutes, que me agarres, que me faças rir. Porque rir é das melhores coisas
que fazemos juntos. Rimos de nós próprios, dos nossos enganos, dos tiros que
demos no pé. E continuamos a rir porque sabemos que somos imperfeitos e que
voltaremos a cometer o mesmo erro, melhor ainda… não nos importamos.
Não vás sem que te diga que se
não fosses tu talvez as coisas não corressem tão bem. Porque tu acalmas a minha
revolta e mostras-me a razão das coisas. Tu mostras-me o lado bom da vida
quando eu não o consigo ver. Não vás sem que te mostre que talvez o para sempre
não exista em todos os casos, nós sabemos. No entanto tu e eu fizemos parte em
algum momento de um quadro perfeito que guardamos e recordamos, vamos recordar
até ao fim.
Não vás sem que te explique que
és um ser humano fantástico e que a tua presença muitas vezes muda o estado de
espírito das pessoas. Porque ser boa influência não é para qualquer um e o
carisma não se compra, não se faz existir. Ou se tem ou não se tem.
Não vou sem te dizer obrigado por
existires e tornares os meus dias banais em dias produtivos, em dias
aproveitados, sentidos, vividos.
Porque nós sabemos que é assim
que a vida tem de ser, intensa, verdadeira, partilhada, autêntica…
A vida neste aspecto é o que queiramos
que ela seja, as pessoas tem e ser amadas da forma mais correcta possível, tu
tens de dizer o quanto gostas e aprecias a companhia, tu tens de mostrar que
alguma coisa mudou apenas por um cruzar de caminho, tu podes melhorar o dia de
alguém, tu podes mudar positivamente a vida de alguém e tudo isso só pode acontecer…
antes de alguém partir.
Aos meus,
IRamos 2015
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