Formas de viver teatrais
Alguma coisa acontece no meu
mundo particular quando tocas em mim, alguma coisa muda quando o teu olhar se
cruza com o meu. Quando digo que te amo, não acredito que seja para sempre, embora
eu gostasse que fosse, não acredito que seja infinito porque não vivo a minha
vida apegada a formas teatrais de existir, vivo-a apenas pelo que sinto. O que
eu sinto é que neste exacto momento o amor é autêntico. Quero-te com todo o
coração.
Penso que esta é a maneira mais
justa de te amar, é a real, de nada adianta fazer disto uma peça de teatro com
final feliz, se nenhum de nós sabe o que vai ser o futuro. Não te posso
prometer uma eternidade… posso prometer-me a ti com toda a sinceridade e amor. E
é só.
Vivemos um tempo estranho em que
as pessoas se comprometem para enganar uns aos outros, tempo esse onde são
encenadas vidas perfeitas, amores-perfeitos e caminhos sem erros. Esta puta desta
vida não é teatro e eu tudo farei para não entrar nesta sequência de actos mal explicados,
representações de fraca qualidade e um público que aplaude o nada.
Porque encontrar alguém que “
queira partilhar o sonho e as responsabilidades” não é certamente a mesma coisa
que encontrar alguém que nos encha a cama e cumpra o papel. Mesmo que o faça bem.
A culpa dos desamores e das traições não é totalmente de quem falha mas sim de
quem vê falhar e nada faz, porque manter uma má peça em cena dá muito menos
trabalho e dor do que escrever uma nova.
Nada disto exibe o que gostava de
ser. Nada disto é amor. Não é isto que eu quero viver contigo. Promete-me que
vamos fazer diferente…
Promete-me ser real na aridez
dos dias comuns. E é só.
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