terça-feira, 7 de abril de 2015

Pausa para a crónica - Fora do catálogo


Importa-me olhar para mim, olhar para dentro. Não só olhar, como ver as reais inquietações de pessoas como eu, de pessoas como tu. Explorar a verdadeira ideia de felicidade e realização. Falar de temas gerais e adaptá-los á pessoa que sou hoje. Gostava que este texto fosse uma ode ao Ser Humano. A todos os sonhadores, sensíveis mas ao mesmo tempo, seres de garra, capazes, sólidos, fora do catálogo.
Sempre me considerei uma pessoa aparentemente forte. Aparentemente, porque ninguém sabe a força que tem até ao momento em que é preciso tê-la. Eu não sabia o que como iria reagir em situações realmente difíceis, agora tenho uma noção. Comprovo que sou um osso duro de roer e isso conforta-me. “A vida tem Outonos”, a alegria é uma passagem que acontece assim como a tristeza, há momentos em que nada joga a nosso favor e para viver uma vida plena é preciso aprender a sobreviver a isso. Uma coisa é ser sensível, outra muito diferente é ser uma pessoa fraca. A tua atitude para a vida define seriamente a maneira como as coisas acontecem á tua volta.
A felicidade não pode ser considerada um destino, até mesmo porque ninguém pode garantir o que esse estado significa, esse lugar não é igual para todos e nada garante que apesar de teres chegado a um determinado patamar, não existam outros, 10 vezes melhores. Não é possível criar uma fórmula mágica e universal que te fará atingir o nirvana. É impraticável… o segredo está em cada um e na aventura que cada um quer viver.
Na filosofia grega, Eudaoimonia significa em termos genéricos felicidade, em termos mais específicos e segundo Aristóteles, a realização plena do próprio ser é a condição necessária para chegar a felicidade. Cada pessoa tem um percurso, uma maneira de se realizar. A felicidade está no caminho, na estrada, na forma como caminhas, como achas graça a pequenas coisas, como te entregas ao mínimo que fazes, como vais lutando e realizando sonhos, na forma como enfrentas e combates problemas e pessoas também.
Sempre me senti assim estranha, eu não tenho sítio porque passo a minha vida à procura dele e como diria António Variações “só estou bem aonde não estou”. Vivi tanto tempo com medo de não me encaixar e percebo agora que não há problema nenhum nisso. As pessoas gostam de mim assim, meio deslocada, meio á procura de sabe-se lá o quê e é bom perceber isso.
Obviamente há coisas que terás que mudar ou adaptar para conseguires viver em sociedade e eu também tenho dessas. Mas a tua essência, aquilo que és, tem de ser aceite e compreendido, se não for, temos pena! Ninguém é obrigado a gostar de ninguém.
Não querendo ser prepotente, mas na realidade eu sou uma das diferentes, tendo em conta o individualismo e egocentrismo que a sociedade enfrenta, as vaidades surrealistas, a maneira com toda a gente ignora a morte de certos princípios essenciais como o respeito, a humildade, o amor.
O modo como vivem excessivamente fixados no próprio umbigo, nos bens que têm, na aparência que dão e até a performance sexual passa à frente de merdas fundamentais. Desculpem-me, eu não sou santa nenhuma mas deste catálogo… eu não faço parte.
O desejo de liberdade é comum a muita gente. Ser livre, na minha opinião, implica viver não justificando muito, implica estar fora de uma gaiola, chamada sociedade mas respeitando sempre quem quer ficar dentro dela. Existem muitos pássaros que não querem sair da gaiola mas também existem outros que uma vez fora desse espaço físico confortável, se perdem. Uma coisa é ser independente, outra é ser livre. É das coisas mais complicadas de se fazer.
Citar o romantismo é vago. Eu não sou romântica, sou apenas pelo amor. Lacan disse “ Amar, é dar o que não se tem”, e é só isto que eu acredito, dar o que vai além de si mesmo, sem esperar que isso nos venha a preencher. A sociedade “ama” mal, ama porque o outro é um meio de satisfazer os seus desejos mas isso não é amor, isso para mim é só aparência, egoísmo, medo da solidão, falta de algo. Lamento mas neste campo eu não tenho elixir, se as coisas não forem como eu acredito… então elas nunca vão ser.
Se tivesse que escolher uma frase para terminar este texto que é no fundo uma reflexão sobre mim eu diria:
"Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o!"
Nietzsche

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