segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Pausa para a crónica - Perfect Body - (Jessica Athayde e a moda Lisboa) - em atraso

Estou atrasadíssima para debater este assunto, mas para bons temas, estamos sempre a tempo.

Jessica Athayde e a moda Lisboa.

Como devem calcular não vou falar sobre a actriz. Beleza é uma coisa muito subjectiva, na minha opinião, que vale o que vale, a Jessica é gira e está óptima, para andar de biquíni, onde quer que seja.

A actriz que me desculpe, se algum dia ler este texto, mas também não me parece correcto da parte dela, comparar-se as “mulheres reais”.

A Jessica vai ter que me perdoar, mas as mulheres reais, não têm acesso a tratamentos, não têm tempo para cuidar do corpo, não têm roupas “emprestadas”, muito menos alguém que lhes cuide da indumentária, a maioria da mulheres deste país, trabalha 8 horas, come mal, dorme mal, ganha mal e está atolada em problemas.

Não desfazendo obviamente do que se passou, porque notoriamente só mentes invejosas e mesquinhas poderiam falar da maneira como falaram, da actriz.

Mas se é de mulheres reais que queremos falar, então sim, acho que é tempo de colocar a mão na consciência e fazer alguma coisa para sair da escravidão em que vivemos.

Escravas dos parâmetros impostos por uma sociedade fútil e sem prioridades.

Ao contrário do que se pensa, o sexo masculino está fora desta guerra. São as próprias mulheres que exigem umas das outras, critérios absurdos de perfeição.

Li algures uma frase que dizia algo do género: “As mulheres vestem-se para agradar às outras mulheres, se quisessem agradar homens, estariam nuas.” Soa estranho, mas tem a sua lógica.

As mulheres competem, sabe-se lá o quê e porquê.

Não vou ser hipócrita, até porque já me assumi aqui, como vaidosa, que sou. Ninguém quer ser feio. O ser-humano precisa da aceitação do outro, precisa de “agrados” e elogios.

A nossa essência pede essa atenção. Mas também tenho que puxar a brasa à minha sardinha, não é um corpo ou uma cara que faz uma pessoa fantástica ou interessante, como eu sempre disse e escrevi aqui também.

Para levares uns piropos na rua e teres sempre pessoas a bajular-te, isso chega, mas para as conquistares, isso não assim é tão importante.

Nem sequer é uma questão de personalidade, cada um tem a sua e quem gosta acaba por se adaptar. Eu penso que tenha ver com carisma, com a maneira confiante como te apresentas, a sorriso que dás e os que escondes, a maneira como dizes que não gostas disto, simplesmente porque sim.

Existe uma quantidade de pessoas que não se afirma, só para não sair do padrão-comum.

As pessoas adoram ser umas iguais às outras, e eu detesto isso. Sei de muita rapariga gira, que não tem esse carisma e que nunca vai ter, enquanto não se desvincular da norma, assim como sei de uns quantos rapazes que a beleza nunca chegará, se não cultivarem outras coisas.

A minha geração, e as mais novas nem se fala, vivem de aparências. Vivem em constante busca por uma perfeição que nunca vão encontrar, tanto a nível físico com ao nível das relações com os outros.

É o maior erro do ser humano tentar agradar a todos, não tem mal nenhum, existirem pessoas que não gostam de ti, não foram com a tua cara. É então? 

Principalmente as mulheres têm esse trauma da aceitação, as mulheres até com as amigas são invejosas!

Estamos no caminho errado, se queremos criar um mundo mais igual, solidário e onde cada um é livre de ser como bem entender.

Não é a criticar os outros e a olhar só para o próprio umbigo que as coisas mudam. Algumas pessoas só mudam, quando começam a provar do próprio veneno.

Se nos defendêssemos e nos tentássemos ajudar, ao invés de sermos juízes de coisa nenhuma e narizes empinados por razão alguma, talvez todas, fossemos mais felizes.









Sem comentários:

Enviar um comentário